Síntese: Alerta para necessidade de mudanças pessoais. Abandonar o antigo e rígido modo de vida, para ceder espaço para a maleabilidade como via de acesso ao nosso rico universo interior.
O raio de consciência emanado do Self da pessoa atinge sua torre interior:
No campo emocional: Crise existencial; sensação de insegurança quanto ao futuro; falta de sentido na vida, pedindo o enfrentamento das emoções aprisionadoras como primeiro passo para um novo começo.
No campo mental: Questionamento dos valores até então tidos como verdades absolutas, indicando a necessidade de ruptura com velhos conceitos e padrões de pensamento para conquistar um novo olhar sobre a Vida.
No campo físico: doenças; acidentes; relações e relacionamentos que terminam; o mundo pessoal, conhecido e seguro, subitamente desmorona, indicando a necessidade de seguir um novo curso, mas só depois que os aspectos estagnantes do campo emocional e mental estiverem resolvidos, antes disso tal ação indica uma fuga dos desafios, uma tentativa de reerguer a velha torre.
A imagem da torre, no arcano 16 do tarô, é usada como um paralelismo para as construções psíquicas que fazemos em nossa vida para nos protegermos, mas que acabam por nos isolar de nossa verdadeira essência e também das demais pessoas. É outra forma de representar nossa persona, a máscara que montamos para sermos aceitos na sociedade normótica. Máscara que nos esconde e nos protege dos demais mas que termina por nos esconder também de nós mesmos.
Na maioria dos diferentes tarôs, vemos uma torre sem portas, pouco convidativa a visitas. Não há abertura para uma interferência externa. As janelas só servem para quem está dentro apreciar uma parte do campo ao seu redor, ou seja, um isolamento quase total.
A criança que se encolhe tentando se proteger, chorando assustada com a violência do mundo a seu redor, materializa o arcano da torre em seu corpo e lança os alicerces psíquicos de sua torre interior. Nesse momento sua espontaneidade começa a dar lugar à busca pela segurança. Um corpo morto, encerrado em seu caixão, é a materialização física final do arcano da torre e da pessoa por ela protegida: ela não teme mais nada, não sofre mais, mas também não vive.
O arcano da torre em nossas vidas nos traz a segurança dos espaços psíquico e físico que delimitamos e cercamos para viver. Mas a Vida fenece rápido em espaços confinados e não há muita vida numa torre. Surge uma insatisfação intima com nosso modo de viver seguro, porém sem vida. Essa energia começa a corroer a estrutura de nossas muralhas internas, mas isso não é suficiente. Nosso ego não tem força para, sozinho, derrotar sua própria criação. Mas chega um momento em que, do ponto mais profundo de nosso ser, nosso desejo de mudança atraí a energia que precisamos para romper de vez com as barreiras internas que nós mesmos levantamos. O raio, a energia psíquica de nosso Self, atinge a estrutura de nossas barreiras. Nesse momento a torre desaba. De um instante para outro, somos lançados num abismo momentâneo, uma desestruturação ocorre em nossa vida, nos dando a oportunidade de começar novamente. É um momento precioso e delicado esse. Precisamos de todo cuidado, para não repetirmos os erros do passado e reconstruirmos a mesma torre.
Carlos R Nazaré
Carlos R Nazaré
Nenhum comentário:
Postar um comentário